O cenário do setor calçadista durante a pandemia chama a atenção por apresentar diferentes realidades.
Enquanto de um lado temos um boom nas exportações, empresas aumentando seu quadro de colaboradores e investindo em novas tecnologias e maquinários, do outro lado, nos deparamos com fábricas sendo fechadas, quedas nas produções e também no faturamento.
Mas quais os motivos para o mesmo setor apresentar realidades tão diferentes?
A gangorra da indústria calçadista
Para termos uma noção do cenário recente do setor calçadista, em março deste ano foi registrado uma alta de 38,5% em comparação ao mesmo período de 2020. O curioso é que, nos noticiários, vemos informações de fábricas realizando investimentos pesados para modernizar suas fábricas enquanto outras fecham postos de trabalho.
Segundo Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), entre os principais fatores estão as diferenças entre mercado interno e mercado externo.
Ele explica que a maioria das empresas que fornecem mais da metade da sua produção ao exterior não tiveram problemas de pedidos, principalmente, pelo destino final de seus produtos serem os EUA, país que não teve fechamento de mercado como no Brasil. Enquanto isso, temos calçadistas focadas fundamentalmente no mercado interno que sofreram com o fechamento do comércio gaúcho, e de São Paulo, que consome mais de 40% dos calçados nacionais.
A influência dos tipos de calçados nas vendas durante a pandemia
Um dos fatores que influencia na boa ou má fase deste setor é o tipo de calçado. Frederico Wirth, Vice-Presidente de Indústria da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha, acredita que, com as pessoas passando mais tempo em casa devido ao home office, houve um aumento da prática de esportes, o que contribuiu para que os calçados esportivos tivessem uma melhor performance de vendas. Enquanto isso, o calçado social sofreu com a queda de vendas.
Cenários diversificados como esse contribuíram para a gangorra, motivando o fechamento de fábricas e empregos no início do ano, ao mesmo tempo que se comemora bons números nas exportações.
O reflexo da pandemia no setor
De acordo com o relatório da Abicalçados, em 2020 houve queda nos indicadores produtivos e, por consequência, nos empregos do setor calçadista. Foram perdidos 21 mil postos de trabalho, encerrando o ano empregando diretamente 247,4 mil pessoas, 8% a menos do que em 2019.
O mesmo relatório também informa que, no auge da pandemia (maio e junho de 2020), as fábricas de calçados chegaram a trabalhar com apenas 30% de suas capacidades. Este número melhorou no segundo semestre, fechando o ano com 60,4%.
Neste ano o primeiro bimestre foi positivo, gerando mais de 18 mil postos de trabalho. Com 3 mil vagas perdidas em março, o primeiro trimestre do ano encerrou com um saldo positivo de 15,6 mil empregos gerados.
Projeções para o segundo semestre
Tanto Wirth, da ACI, quanto Ferreira, da Abicalçados, estão com boas expectativas para o segundo semestre de 2021. Ambos citam a instituição do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, uma ajuda do Governo para complementar a renda de quem trabalha com carteira assinada, como um dos motivos que ajudará a reduzir ou evitar demissões e, até mesmo, aumentar o quadro de funcionários.
A estimativa da Abicalçados para o segundo semestre é um crescimento na produção dos mercados interno e externo entre 10% a 14%.
A principal estratégia para se manter na crise
São diversos os fatores que levaram algumas empresas a se manterem durante a pandemia. Entre as principais, estão estratégias com foco no cliente e adaptação ao novo cenário com gerenciamento da equipe via home office, análise de mercado com objetivo de diversificação de produtos e a renovação dos setores comercial e de marketing.
Para muitas empresas do setor de calçados, o e-commerce foi a única saída, visto que já vinha apresentando crescimentos exponenciais nos últimos anos, atingindo seu pico em 2020 mas com uma projeção de aumento para 2021.
Um levantamento divulgado pelo índice da Cielo, aponta que as vendas online registraram um aumento de 45% no comparativo entre o 1º semestre de 2020 com o mesmo período do ano anterior. A perda do setor de varejo como um todo chegou a 36% do faturamento e a queda só não foi maior por causa do e-commerce.
Outro levantamento, da ABComm, Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, em conjunto com a E-commerce Brasil, diz que 95% das pessoas que compraram pela internet em 2020, realizaram suas compras em marketplaces.
Os empresários que conseguiram entender, se adaptar e implementar a estratégia de utilizar marketplaces como ponto de vendas virtuais para alcançar clientes novos, tiveram um resultado favorável em seus números durante a crise.
Mas para essa mudança acontecer é necessário estar sempre atento ao mercado, se adaptar às novas tecnologias e possuir poder de investimento para conseguir realizar todas as mudanças necessárias. E é para isso que o FIDEM Bank está aqui: para ajudar você a resolver o seu dia.